terça-feira, 6 de março de 2012

Um pouco sobre a Operação Condor


HISTÓRICO DA OPERAÇÃO CONDOR


A determinação dos EUA em destruir a oposição ao seu domínio da América Latina tem raízes na sua derrota no Vietnã. A equipe de 1972 que ajudou Kissinger a negociar com os vietnamitas em Paris incluía o atual embaixador para as Nações Unidas, John Negroponte, e Vernon Walters, mais tarde conselheiro de Ronald Reagan, então adido militar na embaixada dos EUA em Paris. Naqueles dias, George Bush pai era embaixador nas Nações Unidas.

Em 1975 Bush pai era o chefe da CIA e trabalhava juntamente com Kissinger e Vernon Walters para desenvolver a Operação Condor – uma operação coordenada contra movimentos de oposição por toda América Latina  . A Operação Condor incluía o uso de fachadas ilícitas como a equipe de assassinato coordenada entre o serviço de segurança chileno DINA e terroristas cubanos de Miami como Orlando Bosch, Guillermo Novo e Luis Posada Carriles . Também incluía o apoio a políticas brutais de repressão em massa em países de toda América do Sul. A Operação Condor foi uma tentativa ambiciosa e bem-sucedida de coordenar aquela repressão


O ESCÂNDALO CAVALLO

Em 11 de junho deste ano as autoridades mexicanas confirmaram uma ordem de extradição contra Ricardo Cavallo pelo juiz espanhol Baltasar Garzón por crimes contra a humanidade durante o terror na Argentina . Cavallo é acusado de 337 seqüestros políticos, 227 desaparecimentos forçados e o roubo de crianças de prisioneiros políticos. A história de Cavallo tem raízes na Operação Condor e estende-se até a atual administração Bush.

Cavallo e seus colegas Jorge Radice, Jorge Acosta e outros foram torturadores das Forças Armadas argentinas. Eles forçavam suas vítimas a assinar procurações que lhes permitiam alienar suas propriedades, contas bancárias e pertences. Cavallo também trabalhou lado a lado com o exército boliviano comandado por Luis Garcia Meza no início dos anos 80, quando a Bolívia era virtualmente governada por traficantes de drogas.

Com seu capital ilícito, Cavallo e seus amigos criaram as empresas de segurança e controle de dados Martiel e Talsud na Argentina. Eles fizeram negócios com a Seal Lock, uma companhia argentina que era representante da empresa dos EUA Advantager Security Systems. A Martial era representante da casa da Moeda do Brasil, a CONSAD da Argentina, a Ciccone Calcográfica e a firma de cartões inteligentes francesa Gemplus  . A Talsud e a Martial eram virtualmente intercambiáveis, ambas trabalharam para imprimir o dinheiro do presidente Mobutu, favorito da CIA, no Zaire em 1993.

Em 1995, a TTI, subsidiária da Bridas, e a Seal Lock ajudaram a Talsud a obter negócios lucrativos na província argentina de Mendoza. Em 1996, a Talsud ganhou o contrato para emissão de carteiras de motorista na província argentina de La Rioja. Os clientes da Seal Lock incluíam o Ministério das Relações Exteriores da Argentina, o Banco Central argentino, o Registro Nacional da Bolívia, a Shell do Paraguai e a empresa marítima ZIM de Israel. Cavallo e seu irmão Oscar também criaram uma empresa em El Salvador chamada Sertracen, estreitamente associada ao exército salvadorenho. A Sertracen emite carteiras de motorista e portes de arma em El Salvador.

Em agosto de 1998, Cavallo entrou no México como turista, miraculosamente conseguindo visto de residência após um mês. Em um ano, sua companhia Talsud estava participando de concorrências para o departamento de trânsito mexicano (RENAVE), juntamente com a Gemplus e a companhia mexicana CIFRA. Em 7 de setembro de 1999, eles ganharam a concorrência garantindo uma receita anual estimada em 400 milhões de dólares.

O escândalo Cavallo/RENAVE estourou no início do ano no México e em meio a evidências crescentes de irregularidades. O vice-ministro do Comércio Raul Tercero, que autorizou o negócio com a RENAVE, foi achado num bosque próximo à Cidade do México com sua garganta cortada. Ele deixou várias cartas defendendo-se de acusações de corrupção.

Os parceiros de negócios de Cavallo têm uma desafortunada tendência para morrer violentamente. Em outubro de 1998, durante um escândalo de propinas envolvendo a IBM, Marcel Cattaneo, irmão do dono da CONSAD, empresa cliente de Cavallo, foi achado pendurado num poste. O aparente suicídio foi seguido por mortes igualmente suspeitas. Em junho de 1998, um amigo do presidente Carlos Menem, o megaempresário Alfredo Yabran, associado à subsidiária da De La Rue Ciccone Calcográfica, foi encontrado morto. Em agosto do mesmo ano, Jorge Estrada, ex-chefe de Cavallo no centro de tortura da ESMA (Escola de Mecânica da Armada – NT) e acionista da Martiel foi encontrado morto, outro suicídio aparente.



VETERANO DA OPERAÇÃO CONDOR NO MÉXICO 

Como Cavallo, alguém mais entrou no México em 1998, mas não como turista – o embaixador dos EUA Jeffrey Davidow . Davidow era conselheiro político na embaixada dos EUA no Chile de 1971 a 1974. Em Santiago, ele estava a par de segredos da embaixada quando a CIA e a agência de segurança chilena DINA organizavam a quadrilha de pistoleiros que mais tarde assassinou importantes figuras da oposição chilena, Carlos Prats em Buenos Aires e Orlando Letelier em Washington. No México, Davidow continuou a aperfeiçoar as habilidades que aprendera no Chile, encobrindo abusos de direitos humanos em Chiapas e cultivando relacionamentos dúbios com empresários que lidavam com drogas – tudo o que podia se esperar de um veterano da Operação Condor.

O escândalo Cavallo aumentou as preocupações no México e no resto da América Latina quanto às notícias de que a empresa de prospecção de dados, Choicepoint, comprava informações confidenciais de companhias como a Talsud e a Martiel sobre populações inteiras de países centro e sul americanos. As pessoas receiam violações da legítima privacidade de latino-americanos viajando ou morando nos Estados Unidos. A Choicepoint foi a companhia cuja subsidiária DBT bagunçou o processo eleitoral na Flórida permitindo que George Bush vencesse a eleição presidencial de 2000  .


http://resistir.info/eua/operacao_condor.html

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