segunda-feira, 26 de março de 2012

Do imperialismo hídrico ao jogo de ganha-ganha



Deu no Globo - Coluna Eco Verde:

Como se já não bastassem os problemas que o governo brasileiro vem enfrentando para construir usinas como Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, todas na Amazônia, agora ele recebe críticas também por projetos hidrelétricos em outros países da América do Sul. Ambientalistas e entidades de defesa dos índios acusam o Brasil de praticar uma espécie de imperialismo hídrico e de exportar problemas ambientais.

Estudos feitos pela Eletrobrás indicam que o potencial hidrelétrico da região gira em torno de 55 mil MW, o que equivale a 50% de toda a nossa matriz energética. Mas os trabalhos realizados até agora se concentram em 16 mil MW. Alguns são sigilosos, mas já é possível prever a construção de pelo menos dez hidrelétricas em cinco países da região. Somadas, teriam uma potência instalada da ordem de 12 mil MW, mais do que toda a capacidade de Belo Monte. Entre os parceiros, o Peru, a Argentina, a Bolívia, a Guiana e até a Nicarágua.
Mas as maiores resistências vêm mesmo do Peru, que tem 14% de todo o potencial hídrico da América Latina.
Representantes das tradicionais tribos indígenas do país já procuraram a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Justiça peruana pedindo que o acordo assinado com o Brasil, em 2010, não seja levado adiante. Argumentam que não foram ouvidos e garantem que as obras vão provocar a remoção de tribos e a destruição de fauna e flora. Estaríamos exportando passivos.

O tratado prevê a construção de cinco usinas na Amazônia peruana, com cerca de sete mil MW de potência. As obras seriam feitas por empreiteiras brasileiras. Já o financiamento, para variar, viria do BNDES. A energia gerada seria dividida irmãmente entre os dois países. Ganhos de escala, de eficiência e a redução de perdas, parecem óbvios. Mas os impactos também. Agora, só falta combinar com os russos, ou melhor, com os índios.

Enviado por Victor Costa -
08.03.2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário