Deu no
Globo - Coluna Eco Verde:
Como se já não bastassem os problemas que o governo brasileiro vem enfrentando
para construir usinas como Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, todas na
Amazônia, agora ele recebe críticas também por projetos hidrelétricos em outros
países da América do Sul. Ambientalistas e entidades de defesa dos índios
acusam o Brasil de praticar uma espécie de imperialismo hídrico e de exportar
problemas ambientais.
Estudos
feitos pela Eletrobrás indicam que o potencial hidrelétrico da região gira em
torno de 55 mil MW, o que equivale a 50% de toda a nossa matriz energética. Mas
os trabalhos realizados até agora se concentram em 16 mil MW. Alguns são
sigilosos, mas já é possível prever a construção de pelo menos dez
hidrelétricas em cinco países da região. Somadas, teriam uma potência instalada
da ordem de 12 mil MW, mais do que toda a capacidade de Belo Monte. Entre os
parceiros, o Peru, a Argentina, a Bolívia, a Guiana e até a Nicarágua.
Mas as
maiores resistências vêm mesmo do Peru, que tem 14% de todo o potencial hídrico
da América Latina.
Representantes das tradicionais tribos indígenas do país já procuraram a
Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Justiça peruana pedindo que o
acordo assinado com o Brasil, em 2010, não seja levado adiante. Argumentam que
não foram ouvidos e garantem que as obras vão provocar a remoção de tribos e a
destruição de fauna e flora. Estaríamos exportando passivos.
O tratado
prevê a construção de cinco usinas na Amazônia peruana, com cerca de sete mil
MW de potência. As obras seriam feitas por empreiteiras brasileiras. Já o
financiamento, para variar, viria do BNDES. A energia gerada seria dividida
irmãmente entre os dois países. Ganhos de escala, de eficiência e a redução de
perdas, parecem óbvios. Mas os impactos também. Agora, só falta combinar com os
russos, ou melhor, com os índios.
Enviado
por Victor Costa -
08.03.2012
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