segunda-feira, 5 de março de 2012

Conheça lendas e tradições do México em um passeio de bonde

Em um passeio de bonde é possível desvendar as lendas mexicanas       Foto: EFE
Tradição, superstição e história convergem em uma mesma viagem de bonde pela Cidade do México, que repassa os fatos e personagens do período vivido entre os séculos 16 e 18, que serviram de cenário para os lendários relatos que povoam até hoje a memória dos mexicanos.
Além de exaltar o saber popular transmitido de geração para geração, o percurso "contribui para revitalizar o turismo ao destacar o México a partir de seu patrimônio cultural", disse o coordenador de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Governo da capital, José Vicente de la Rosa.
Na opinião dele, os passeios turísticos culturais são os principais tesouros da Cidade do México, município que conta com cinco locais declarados como Patrimônio da Humanidade pela Unesco: a casa-estúdio do arquiteto Luis Barragán, o Campus Central da Cidade Universitária da UNAM, o centro histórico, o bairro de Xochimilco e a parte correspondente do Camino Real de Tierra Adentro.
De la Rosa revelou que o percurso, denominado "Sucesos y Fantasmas del México Antiguo", parte do programa Passeios Culturais de Bonde organizado pela Secretaria de Cultura da Cidade do México, é um dos mais bem-sucedidos dentre todos os organizados pela instituição.
"As lendas são parte essencial de nossa cultura porque combinam conhecimento histórico com saberes informais e tanto crianças quanto adultos curtem lembrando as histórias do tempo da vovó, o que serve de instrumento de coesão comunitária e familiar", comentou.


Fantasmas, hereges, bruxas e inquisidores

A rota das lendas permite descobrir os pontos mais emblemáticos do centro histórico na companhia de dois ilustres cidadãos, o Conde de Toriello e o Duque de Villafermosa, personagens ressuscitados do século 18 interpretados pelos atores mexicanos Francisco Ibarlucea e Hector Macías. "O objetivo é conhecer as antigas ruas da cidade do México e quem as habitaram, assim como os fantasmas, hereges, bruxas e inquisidores", afirma Ibarlucea.
O Palácio de Belas Artes, a Torre Latinoamericana, o Convento de San Hipólito e a Alameda são alguns dos pontos incluídos no roteiro.
O trajeto acaba no recinto do Museu Panteón de San Fernando, onde entre ciprestes e lápides um amplo elenco de atores e atrizes representa as lendas mais populares do México, como a do "Tapado", que conta a história do homem misterioso que aparecia na Nueva España totalmente preso a cadeados e com o rosto escondido por uma capa preta.
Surge ainda a história da "Bruja Hipólita", uma velha alta, esquálida e sem dentes, de quem se dizia que com só o olhar podia amaldiçoar uma pessoa. Ela viveu na Rua da Buena Muerte, atualmente conhecida como Quinta de San Jerónimo.
No rol de interpretações também o relato intitulado "Delito con su castigo", cujo protagonista, um homem atormentado pelos ciúmes, invocou o diabo e vendeu sua força de vontade. Por dinheiro, ele entregou sua alma.
Durante pouco mais de 1h, histórias, fábulas e fatos transportam o espectador até a época colonial, com a Santa Inquisição e a bruxaria como argumentos mais recorrentes.
"Encontramos um instrumento muito útil para compartilhar com os nossos e os de fora a história e as lendas de nossa cidade, conjugando o patrimônio tangível e intangível e compartilhando a cultura a partir de outra perspectiva", disse De la Rosa.


Homenagem ao bonde

Além de ressuscitar as histórias do México antigo, o programa homenageia o bonde, um meio de transporte que teve o máximo esplendor no fim do século 19 e início do século 20, quando ganhou destaque por ser um sistema de "vanguarda tecnológica".
"Havia muito interesse sobre esse meio de transporte porque além de visualmente muito simpático era confortável e atrativo", assinalou De la Rosa.
Este tipo de atividade enriquece a oferta de turismo cultural e é o que mais atrai os visitantes, avalia o diretor-geral de Serviços Turísticos da Cidade do México, Felipe Carreón.
"Este é um reduto de manifestações culturais importantes de caráter pré-hispânico e moderno, o que torna o patrimônio cultural a principal proposta", complementa.
De la Rosa considera que a combinação de história e cultura na Cidade do México fazem dela um "local turístico por excelência". Ao fim de 2011, as autoridades contabilizaram 11 milhões de visitantes, 80% mexicanos e 20% de estrangeiros.
Neste sentido, ele destaca o fato de a Cidade do México concentrar o maior número de museus da América Latina, cerca de 160. Entre os que se destacam pela grande afluência de público está o Museu Nacional de Antropologia e o de História, com 2 milhões e 1,5 milhão de visitas, respectivamente. O turismo religioso tem papel importante no que diz respeito à atração turística. Só a Basílica de Guadalupe recebe 19 milhões de fiéis anualmente, concentrados em sua maioria no fim do ano, pelo fato de 12 de dezembro celebrar o dia da aparição da "Virgem morena".
Com museus, sítios arqueológicos e expressões de turismo religioso, Carreón espera que 2012 seja o ano da "consolidação do turismo cultural na cidade", expansão esta que será impulsionada pela aplicação de diversos projetos.
Entre estes está o programa "Barrios Mágicos". O objetivo é identificar locais em que a população conseguiu preservar e mantém acervo histórico das tradições e manifestações culturais do México.

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